Uma das perguntas que recebo com frequência – aqui pelo blog, por email e de alunos de jornalismo em palestras – tem a ver com o meu trabalho como correspondente freelancer de diversos veículos quando morei em Israel, entre 2004 e 2011. Muitos jovens estudantes sonham em fazer carreira ou em morar durante alguns anos fora do Brasil escrevendo para jornais e revistas daqui. Então vamos lá!
Meu trabalho como correspondente freelancer, na realidade, começou apenas um ano depois da minha chegada em Israel, em 2005, quando eu já dominava o hebraico (além, é claro, do inglês e do espanhol, que eu tinha levado comigo na bagagem), já conhecia alguns meandros da política local (antes de ir, eu já escrevia sobre Oriente Médio e já tinha uma boa noção, mas conhecia pouco da realidade no terreno) e já tinha feito alguns contatos importantes com personagens locais e no Brasil – fontes e colegas, lá, e veículos, aqui.
Esse é meu primeiro conselho: conheça pessoas. Saí do Brasil sem nenhum contato importante com veículos – não tinha ainda trabalhado em grandes redações, não conhecia editores de internacional (o principal “cliente” das colaborações de fora, mas não o único), e isso fez uma diferença enorme no tempo que levei para começar.
Por outro lado, isso me deu oportunidade de me ambientar e me preparar para o início, que veio com um golpe de sorte. Por isso, o segundo conselho, que talvez seja o mais importante de todos: não existe formato pronto para o trabalho de correspondente. Também não há idade ou tempo “indicados”. É preciso ter interesse e força de vontade. E uma dose de coragem para se jogar na região escolhida – porque você necessariamente enfrentará idioma novo, cultura nova, sociedade diferente, comida estranha etc etc etc.
No meu caso, foi assim: a Radio France Internationale (RFI), sediada em Paris, estava procurando um jornalista brasileiro para noticiar, em português, o plano unilateral israelense de desmantelamento de assentamentos na Faixa de Gaza, no verão de 2005. Fui indicado por colegas, aceitei o desafio (minha primeira missão em Israel) e trabalhei com eles durante 3,5 anos, inclusive durante a Segunda Guerra do Líbano, em 2006.
É sempre importante – para não dizer imprescindível – conhecer bem a região antes de tomar a decisão de se mudar para lá. Leia livros, fale com especialistas, troque ideias com colegas que já foram. Aprenda o que é mais importante (ou mais noticiado) sobre o país/ região. Leia, leia, leia… Escrevi a respeito quando dei dicas sobre trabalhar em Israel. É bom saber também se o trabalho da imprensa é livre no país escolhido.
Outra coisa para ser levada em conta na escolha do “onde” são os riscos. Ainda ocorrem mortes de jornalistas aos montes, e em 2008, quando eu estava em Israel, escrevi a respeito num post que chamei de Dead line. Algumas empresas têm planos de seguro de vida e pagam os caros equipamentos de proteção – mas esse não era o meu caso nem quando eu cobri o confronto com o Líbano, durante o qual, em uma ocasião, um míssil Katyusha caiu a menos de 100 metros do local onde eu estava.
Atualização. Minha amiga e jornalista Ligia Hougland, correspondente do Terra em Washington, nos EUA, deu um “passo a passo” importante (e cheio de humor!) para quem quer trabalhar fora do Brasil, como ela. Vale dizer que, apesar do humor, nada é mais verdadeiro! Vai no original em inglês:
Step 1: Make sure to be born into a rich and generous family. If that doesn’t work, try to win the lottery. If that also doesn’t work, learn how to appreciate a life of saintly poverty but abundant in stress.
Tem alguma dúvida? Escreva, deixe um comentário. Farei o possível para responder!
(Foto: pôster do filme Foreign Correspondent, de Alfred Hitchcock, 1940/Alfred Hitchcock Geek)
Prezado Gabriel
Eu sou africano da Guine Bissau , morro em sao paulo a mais de 12 anos ex, jornalista e assessor de imprensa do ministro das pescas na Guiné Bissau, só que depois da minha vinda ao Brasil formei em administraçao e fiz mestrado em finanças e contabilidade , sou professor universitário atualmente.
Entretanto, quero voltar a trabalahr na area de comunicação, exemplo correspondente freelancer.
O que devo fazer?
Sou estudante universitario no ramo de engenharia informatica.
Estou desempregado e preciso de ocupação rentavel, que não me mete 8 horas sentado numa cadeira.
Acho eu ser um correspondente internacional de negocios ou de informações pode me ajudar de alguma forma ganhar uns trocados para fazer funcionar os meus peojectos de trabalhar por conta propria.
Olá Gabriel boa tarde! Estou indo para um país, e lá irei cursar a faculdade de jornalismo.
Gostaria de saber como começar e quais são os primeiros passos. Obrigado!
Olá boa tarde,acredito que é um trabalho original dentre os princípios administrativo.
Um abraço!
Marli de Paula