Estive esses dias na Livraria da Vila. É sempre a mesma coisa. Entro pra dar “só uma olhadinha” e algo me atrai para a sessão de livros de história ou sobre jornalismo. Não sei explicar, é mais forte que eu! Aí, entre uma prateleira e outra, acabo achando coisas irresistíveis. Hoje foram três coisas irresistíveis. E não resisti, não sei explicar, é mais forte que eu!
Bom. Tinha, no balcão, uma oferta irrecusável (na escala, irrecusável é bem menos que irresistível!) Era o Kindle, da Amazon. Preço camarada, até. Eu olhei, brinquei, passeei entre os livros do Paulo Coelho (é!) no mostruário. Tela legal, não brilha, “dá pra ler no sol”, disse a vendedora. Então olhei mais um pouco, fucei mais um pouco… E fui pro balcão com meus três livros.
E eis porque eu acho que nunca vou ter um Kindle, Kobo, Nook ou qualquer outra combinação de letras para dar nome a leitores digitais de livros. Como se não bastasse uma razão, listo dezesseis! Vamos a elas, que me pouparam 300 reais.
Leitores digitais podem ser cool, mas (1.) livros não precisam de bateria, (2.) não descarregam, (3.) não têm fios, (4.) são fiéis sempre. Livros podem ser (5.) trocados, (6.) emprestados, (7.) doados, (8.) esquecidos, até! – mas se eu tivesse um Koob (licença poética de escrever book de trás pra frente), não faria nada disso.
É verdade que eu posso levar o e-livro para o banheiro, para a cama, para qualquer lugar. Mas eu acho que me sentiria meio pedante lendo um (9.) livro digital no metrô, por exemplo. E antipático: (10.) não deve dar pra ler por cima do ombro, como você e eu já fizemos com o vizinho de assento. Sem falar na magia perdida de descobrir a capa do livro pela cara do leitor: (11.) Kindles e afins não têm capa.
Na minha biblioteca tenho livros, (12.) livros autografados e (13.) livros com dedicatória. Na minha e-biblioteca eu teria apenas livros. Seriam arquivos frios e tristes. Nada de um autógrafo daquele autor favorito, que você encontrou justamente no dia em que passeava com o livro dele. Nada de dedicatórias escritas por uma pessoa especial que escolheu o título pensando em você e contou, na primeira folha em branco, no que ela pensava quando fez a escolha.
Também é verdade que os leitores como o da Amazon e o Kobo (que eu já conheci de perto e nos quais já mexi bastante) permitem fazer anotações. Mas, poxa, e aquela coisa de (14.) marcar um trecho, um termo, uma expressão que o autor penou pra escolher, puxar uma linha e anotar, no canto, em letra miúda, suas observações? Eu faço isso o tempo todo. Nos digitais, não poderia.
Eu tenho uma mania. Quando compro um livro, anoto, na primeira folha, “de ladinho”, (15.) a data e o local da compra. Por exemplo (pesquei um aqui): “Crônica de uma morte anunciada”, do Gabriel García Márquez – “São Paulo/ galeria sob a Consolação/ dez.2012”. Essas anotações me dão um gosto bom de nostalgia quando eu relembro de quando decidi levar o livro. Nos digitais, isso não existiria.
Para acabar, mas acho que ainda vou achar outras, tem o preço. Pelo valor do Kindle que eu não comprei, poderia ter levado quatro vezes os três livros que levei. Você vai dizer, como um vendedor me disse, que os livros-e “são 40% mais baratos” que livros em papel (“é óbvio”, eu pensei, “não tem o custo da impressão etc”).
Mas é como se eu comprasse uma mesa para ler os livros – e ela viesse sem livro nenhum. Então eu compro a mesa – que só serve para isso: ler livros – e a levo para casa. Daí, preciso comprar livros que só servem para aquela mesa específica. Eles custam menos, sim. Mas e daí? No papel, eu (16.) nem preciso da “mesa”!
Meu único problema com os livros físicos (e agora se tornou realmente um problema de grandes proporções) é o espaço. Mas esse problema também acontece com os meus vinis, que reproduzem cópias analógicas do som (que, por definição, também é analógico, assim como o pensamento, que abstrai e constroi o que está nos livros), então isso não é lá tão importante.
GABI, ACHEI LINDO, EXCELENTE; MANDE PARA AMPLA PUBLICAÇÃO. MERECE! ABA
Pedante ler e-book porque? Quando quero ler não estou preocupada com o que as pessoas ao meu redor vão achar da minha imagem, acho que está bem longe do objetivo da minha leitura…Acho podre rabiscar e sublinhar livros, e incongruente com o que foi dito de doar ou repassar. Vai dar todo riscado? Ou uma coisa ou outra. Além disso, o leitor digital não serve só para ler livros. Apostilas, pdfs, calhamaços de papel que você não precisa mais levar para o trabalho e pode aproveitar sua hora de almoço tranquilo, sem parecer um burro de carga. Enfim…só discordo, mas cada um na sua, com o que se sente melhor!
desde quando poder perder um livro é uma vantagem?
Perder livros não é uma vantagem. Mas poder perder – por serem soltos, e não vinculados a um aparelho – é sim, na minha opinião!
Meio dramática a opinião, mas tá valendo
Uma pesquisa sobre ter ou não um e-reader me trouxe ao seu blog. Adorei o post, e por enquanto comungo da sua opinião. Queria um e-reader pela praticidade, porém há um ponto que vale listar também: se você anda com livros, nenhum marginal tentará roubá-los de você, já se estiver com um e-reader é um risco.
nota 10 esse site
Respeito sua opinião. Só acho que, antes de escrever um artigo deste tipo, você deveria ao menos se dar ao trabalho de pesquisar um pouco sobre aquilo que se escreve.
Vamos lá. Você afirma que os e-books no Kindle não possuem capa, certo? Errado! Os livros no Kindle possuem sim capas, você pode fazer inúmeras anotações, inclusive buscar definições para palavras que possa vir a desconhecer.
Destarte, não entendi o porquê de você achar que o simples fato de uma pessoa utilizar um e-reader a tornaria uma pessoa arrogante. Por quê? Oi? Uma pessoa que lê livros então, seria pobre? Desculpe, não faz sentido.
Peço desculpas se lhe ofendi em qualquer momento. Na próxima, tente pesquisar previamente sobre o assunto antes de sair falando bobagens por aí, pega mal. Um abraço e continue com o blog, ok? 😉
Tha, agradeço seu comentário, mas ressalto que meu texto, que não é um “artigo” e sequer baseado em pesquisas, nada mais é que uma crônica que pretende prestar homenagem aos livros em papel. Sobre a capa, é claro que o arquivo do livro nos leitores digitais tem uma – mas não é a mesma coisa que a capa dos livros, visível, especialmente quando você não é o leitor, mas um curioso tentando decifrar o que o dono do livro lê. Não espero que meu texto faça sentido para ninguém além de mim mesmo e daqueles que se identificam com ele.
Ah, com certeza! Mas artigo que eu menciono é post.
Todo post é um artigo rs, enfim…definições bobas mas não importa.
Obrigada pelo retorno 🙂
Pois é. Não é. Digo o mesmo: leia e pesquise antes de dizer coisas assim!
Pesquisar o que é artigo? Eu já lhe disse que seu post é um artigo, todo post é. Não leve isso na maldade, essa sua indireta foi desnecessária. Não imaginei que fosse ficar tão ofendido por nada, mas ok. Não lhe pertubarei novamente. Att