Não é meu. Mas poderia ser. Palavra por palavra.
perdida. eu não sei lidar com isso. essa coisa de alguém gostar de mim. eu percebo algum sentimento mais forte e só penso em fugir. eu gosto de gostar dos outros. mas não gosto que gostem de mim. acho que não é que não gosto. é que eu tenho medo. medo de não me encaixar em todas as idealizações que vêm junto ao gostar. medo de não ser nem um pouquinho daquilo que o outro espera. medo da expectativa que o outro tem de mim. eu não sei lidar com isso. eu não sou capaz de aceitar um “eu gosto de você”. imagina então um “eu te amo”. toda vez, eu fujo.
Como vc pode gostar dos outros se não consegue gostar nem um pouquinho de si mesmo? Esse lance de “atender às expectativas dos outros” é paranóia sua. Quem tem essas expectativas é você, acerca de você.
me convém mais o prospecto de ter uma bomba na mão do que o amor de alguem.
sobre uma bomba, tens a certeza de que há um local exato que a desativa. sabe que um movimento desencadeará outro seguindo uma lógica estabelecida. concreta.
já sobre o amor de alguém, tens é a certeza de que trabalha com aquilo que há de mais valoroso e ao mesmo tempo de mais indefinido.
paraliso.
fujo.
e sofro.
pois sei que acabo deixando aquele que me ama com a mais cruel das respostas: o silêncio.
de tanto espalhar meu amor por ai, chego a pensar que torna-se preferivel receber de volta um ‘eu te odeio’ do que o perverso e árduo nada.